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Bebê reborn: apoio terapêutico ou fuga da realidade? Entenda o que diz psicóloga

Embora não sejam uma novidade, essas bonecas voltaram a repercutir nos últimos dias, provocando reações intensas e debates sobre os limites do uso terapêutico e uma possível fuga da realidade.

15/05/2025 às 13h28

Os bebês reborn, bonecas hiper-realistas que imitam com fidelidade recém-nascidos reais, têm ganhado espaço nas redes sociais, protagonizando vídeos de influenciadores que mostram uma rotina materna completa: trocas de fralda, mamadeiras, hora do sono e até visitas a hospitais. Embora não sejam uma novidade, essas bonecas voltaram a repercutir nos últimos dias, provocando reações intensas e debates sobre os limites do uso terapêutico e uma possível fuga da realidade.

De um lado, há quem reconheça o valor terapêutico dos bebês reborn, uma vez que eles podem ser uma fonte de conforto emocional para pessoas lidando com luto, traumas, estresse, entre outros. Na psicologia, há pesquisas que mostram como o uso dessas bonecas pode ser benéfico para idosos acometidos com Alzheimer, por exemplo.

Bebê reborn: apoio terapêutico ou fuga da realidade? Entenda o que diz psicóloga - (Divulgação) Divulgação
Bebê reborn: apoio terapêutico ou fuga da realidade? Entenda o que diz psicóloga

“Nos Estados Unidos, desde a década de 1990, é comum utilizar as bonecas reborn. Em países como a Espanha e a Inglaterra, trouxeram esse objeto como uma forma de terapia para idosos com Alzheimer, mostrando-se um benefício para a melhora na agressividade, agitação e ansiedade”, comenta a psicóloga Ester Pinheiro.

No Brasil, além de colecionadores, os bebês reborn são utilizados, por exemplo, em cursos para futuros pais, ensinando a maneira correta de segurar, cuidar e dar conforto a um recém-nascido. Essas aplicações, de acordo com a psicóloga, são pertinentes. “O que precisa ser analisado, na verdade, é a relação que a pessoa faz com aquele objeto”, destaca.

Entretanto, é necessário que seja feita uma discussão quando o uso da boneca reborn ultraa a barreira do lúdico ou terapêutico.

É preciso entender se a pessoa tem o entendimento que aquilo é um boneco ou realmente acredita que é um bebê, que é um filho que precisa de cuidados maternais. Esse comportamento vem com outros comportamentos de fuga da realidade? É preciso observar isso

Ester Pinheiropsicóloga

Em casos mais graves, a relação exagerada com o reborn pode indicar uma tentativa de substituir uma ausência ou evitar lidar com dores profundas, gerando uma espécie de dependência emocional nociva. Essa “encenação” pode trazer prejuízos para a saúde mental, a partir do momento que a pessoa pode escapar da realidade.

Se um familiar, ou o próprio indivíduo perceber essa dependência emocional pela boneca, a orientação é buscar ajuda profissional e fazer uma avaliação individualizada. É importante destacar que ter um bebê reborn não caracteriza um transtorno, mas, a intenção e os efeitos emocionais dessa relação precisam ser analisados. “Para que determinada ação seja considerada um transtorno ou uma patologia, é preciso observar diversos critérios e comportamentos. Por isso, é preciso analisar cada contexto”, reforça Ester Pinheiro.

Além de proporcionar uma escuta para essa pessoa, é preciso que a sociedade não faça julgamentos quanto ao comportamento de quem deseja ter um bebê reborn e sua relação com o objeto. “O que temos visto nesses últimos dias são pessoas julgando essas relações. Mas é preciso que, com essas pessoas, seja feita uma escuta, saber qual relação ela tem com esse objeto e o que busca com esse movimento”, alerta.

Bebê reborn: apoio terapêutico ou fuga da realidade? Entenda o que diz psicóloga - (Reprodução/ Redes sociais) Reprodução/ Redes sociais
Bebê reborn: apoio terapêutico ou fuga da realidade? Entenda o que diz psicóloga

A psicóloga Ester Pinheiro lembra ainda que, muitas das postagens que estão repercutindo visam nas últimas semanas, na verdade, o financeiro. “Esses comportamentos que estão viralizando precisam ser analisados: pessoas fazendo algo buscando mídia, likes e seguidores, buscando benefícios financeiros por trás disso. Algumas mães se reuniram em parques para fazer encontros, mas a maioria das mulheres são colecionadoras ou estavam ali com fins lucrativos, para fazer vendas”, comenta.


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