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Vida trançada na carnaúba: o trabalho sustentável que transforma negócios no Piauí

Símbolo do Estado, a árvore da vida, como também é conhecida, é fonte de renda e de preservação de saberes ancestrais

08/06/2025 às 15h20

Muito mais que uma árvore resistente ao clima semiárido da região Nordeste, a carnaúba é um tesouro natural para quem enxerga oportunidades. Pilar econômico para centenas de famílias piauienses, a planta fornece recursos que podem ser aproveitados de maneiras sustentáveis por várias gerações, que vão desde a raiz até a palha do “olho” da palmeira.

A carnaúba foi eleita a árvore símbolo do Piauí em 2017 devido a sua importância econômica e cultural para o estado - (Jailson Soares/ODIA) Jailson Soares/ODIA
A carnaúba foi eleita a árvore símbolo do Piauí em 2017 devido a sua importância econômica e cultural para o estado

Símbolo do Piauí, a ‘árvore da vida’ – como também é conhecida por conta da sua importância ambiental e socioeconômica – contribui com o sustento de um grupo de mulheres de uma pequena comunidade no interior do Estado e que viu a vida mudar por conta da carnaúba. O que antes era apenas tranças ensinadas pelos avós para produção de objetos domésticos, hoje é a esperança de uma vida melhor para os filhos e uma forma de visibilidade daqueles que desacreditavam até de si mesmo.

“Quando eu comecei, disseram que meu trabalho não ia dar em nada. E, agora, ver que aquela menina do interior, desacreditada, está em outros estados representando o meu estado, a minha cidade, as minhas origens, a minha comunidade, ver que ali é um trabalho de um grupo de mulheres do qual eu faço parte, para mim, é um dos meus maiores estímulos de vida”.

A Fátima Santos faz parte da Associação das Mulheres Artesãs Carnaubeiras do Estado do Piauí (AMACEP). Há três anos, ela e outras 13 mulheres da comunidade do Resolvido, zona rural do município de Campo Maior, decidiram resgatar a tradição do artesanato feito com a palha de carnaúba após participarem de uma oficina de trançado promovida pelo Ministério Público do Piauí (MPPI) e a Organização Internacional do Trabalho (OIT).

Fátima Santos é filha de artesão e cresceu em meio ao processo de extração da folha de carnaúba no interior do Piauí - (Jailson Soares/ODIA) Jailson Soares/ODIA
Fátima Santos é filha de artesão e cresceu em meio ao processo de extração da folha de carnaúba no interior do Piauí

O projeto foi implementado, em 2022, com o dinheiro de multas relacionadas ao trabalho análogo à escravidão ligado à cadeia da carnaúba no ano de 2016. A ideia dos órgãos era beneficiar as comunidades impactadas pela fiscalização, foi quando perceberam que não eram apenas os homens que estavam envolvidos no trabalho de extração da palha da carnaúba.

“Eles viram que os filhos, os genros, as mulheres, a família inteira estava envolvida no processo do corte. Depois disso eles tiveram a iniciativa de acrescentar no projeto a parte do artesanato e, assim, nós tivemos a primeira oficina de trançado. Para alguns foi um resgate, mas, para mim, foi um aprendizado. Eu tinha muita vontade de aprender”, relembra Fátima Santos.

Hoje, a AMACEP conta com mais de 30 pessoas, incluindo alguns homens, e possui duas marcas: a Curicacas, composta por artesãs da região de Altos e Campo Maior, e a NatuPalha, que compreende ao grupo da cidade de Piripiri.

O grupo Curicacas desenvolve linhas de bolsas e objetos de decoração - (Jailson Soares/ODIA) Jailson Soares/ODIA
O grupo Curicacas desenvolve linhas de bolsas e objetos de decoração

Trabalhando com vendas pela internet e apenas por encomenda, as artesãs enfrentam dificuldades para conseguirem até mesmo a matéria-prima para suas bolsas, cestos, sousplat, bandejas e outros itens de decoração feitos da palha da carnaúba.

“A nossa maior dificuldade é com a questão das palhas, porque hoje a maioria dos carnaubais estão em terras privadas e são arrendados. A gente precisa de uma palha especifica que é a do 'olho' da carnaúba e quem trabalha no corte tem a resistência de vender porque o pó do 'olho' da palha é mais caro, porque é mais puro. Nosso trabalho agora é de tentar sensibilizar as pessoas de que a gente não quer o pó, o nosso intuito é só a palha”, explica Fátima Santos.

O Piauí é um dos maiores produtores de pó de carnaúba do Brasil - (Jailson Soares/ODIA) Jailson Soares/ODIA
O Piauí é um dos maiores produtores de pó de carnaúba do Brasil

A artesã, que desde pequena conviveu rodeada de carnaúba, tenta também conscientizar as pessoas sobre os cuidados necessários no manejo da palmeira, e sensibiliza os clientes sobre os vários benefícios da ‘árvore da vida’. Da raiz pode-se fazer a garrafada; o tronco, depois de sem vida, pode ser usado como estaca para sustentar casas; a palha se transforma, inclusive, na cobertura destas residências e até mesmo peças de moda; e o pó da palha vira cera, utilizada, por exemplo, em produtos cosméticos e automotivos.

“Tem que haver essa conscientização da importância dessa palmeira. Não podemos ficar sem carnaúba, imagina o impacto disto na indústria? É uma planta nativa que só tem na região Nordeste. Se não tivermos o cuidado, pode haver a escassez do material natural e o impacto na economia será muito grande, imensurável”, enfatiza.

O grupo Curicacas vende seus produtos por encomenda e já tem objetos artesanais enviados para o Canadá - (Jailson Soares/ODIA) Jailson Soares/ODIA
O grupo Curicacas vende seus produtos por encomenda e já tem objetos artesanais enviados para o Canadá

A preocupação da artesã piauiense é dividida com o professor doutor de Ciências Agrárias da UFPI, Alexandre Perazzo. Para ele, apesar dos grandes desafios enfrentados pelo produtor rural, e sabendo que o Piauí apresenta flora e fauna adaptadas às condições locais, o estado precisa investir em tecnologias adaptadas por meio da valorização dos recursos com práticas sustentáveis.

No contexto do semiárido piauiense, grande parte dos pequenos negócios são oriundos da agricultura familiar, de acordo com o professor. Dessa forma, a bioeconomia – que é um sistema econômico que se baseia no uso sustentável de recursos biológicos – deve promover o desenvolvimento estratégico para fortalecer práticas agroecológicas, agregação de valor e inclusão produtiva.

“A utilização de plantas nativas, aproveitamento de resíduos agrícola e da agroindústria, e as tecnologias sociais são fundamentais para proporcionar um modelo de desenvolvimento sustentável”, comenta Alexandre Perazzo.

Em 2024 foram 720 toneladas de cera de carnaúba comercializadas pela Zona de Processamento de Exportação (ZPE) no Piauí - (Naldo Rodrigues/Instagram/UseCuricacas) Naldo Rodrigues/Instagram/UseCuricacas
Em 2024 foram 720 toneladas de cera de carnaúba comercializadas pela Zona de Processamento de Exportação (ZPE) no Piauí

Assim, de acordo com o especialista, os principais desafios para o fortalecimento da bioeconomia no Piauí incluem a necessidade de ampliar os serviços de extensão rural pública, gratuita e de qualidade, com ações voltadas à difusão de tecnologias sustentáveis, e capacitação contínua dos produtores rurais.

Além disso, é fundamental que o desenvolvimento de políticas públicas seja articulado, unindo instituições de ensino, pesquisa, órgãos governamentais e sociedade civil. Essa integração, segundo Perazzo, deve garantir e técnico, o a crédito, infraestrutura e valorização dos saberes locais, promovendo um ambiente favorável à inovação, sustentabilidade produtiva e inclusão social no campo.

Investimento em bioeconomia estimula empreendedores e preserva biomas no Piauí

Lá na zona rural de Campo Maior, as artesãs que trabalham com a palha da carnaúba desempenham um papel fundamental na geração de renda, na preservação de saberes tradicionais e da cultura nordestina. E em Teresina, na capital do Estado, a palmeira também é protagonista de um negócio inovador e sustentável: um posto de lavagem ecológica de veículos. Neste, o objetivo é promover a limpeza de carros e motos usando a cera da carnaúba e, assim, reduzir o consumo de água durante o processo de lavagem.

O proprietário do posto, Raimundo Darc, diz que sempre pensou em oferecer um produto diferenciado no seu negócio e, por isto, começou a estudar sobre empreendimentos sustentáveis. Mas ele confessa que ainda há muitas dúvidas dos clientes sobre a qualidade da lavagem a seco com a cera de carnaúba.

A cera de carnaúba é utilizada em diversos setores, como cosméticos, alimentos, automotivo e indústria - (Jailson Soares/ODIA) Jailson Soares/ODIA
A cera de carnaúba é utilizada em diversos setores, como cosméticos, alimentos, automotivo e indústria

“Nós temos dois tipos de clientes: têm aqueles com muitas dúvidas, que não acreditam que eu preciso de pouca água para lavar um carro e que acham que só usar a cera vai ralar o veículo; e têm os que já conhecem nosso trabalho, que sabem do processo e me incentivam a não parar”, disse o empresário.

A lavagem a seco com a cera de carnaúba ainda é pouco conhecida. Em Teresina só existe um posto que oferece este tipo de serviço, mas, segundo Raimundo Darc, o modelo tem sido procurado por outros empreendedores do estado e já há projetos para implementação nas cidades de Picos e União.

“A gente faz uma primeira lavagem com o jato, tira o excesso de água e aplica a cera de carnaúba em todo o veículo, com técnica. O cliente geralmente sai satisfeito, até porque hoje em dia o mundo está acelerado, ninguém quer perder tempo. Com a lavagem ecológica eu ganho cerca de 20 minutos comparada à lavagem tradicional e reduzo o consumo de água. Em uma lavagem normal eu posso gastar cerca de 300 litros de água, já com a lavagem ecológica eu gasto entre 100 e 150 litros. No final, a cera limpa o carro e ainda protege o veículo”, explica.

A lavagem a seco com a cera de carnaúba economiza custos, tempo e estimula a preservação do meio ambiente - (Jailson Soares/ODIA) Jailson Soares/ODIA
A lavagem a seco com a cera de carnaúba economiza custos, tempo e estimula a preservação do meio ambiente

No modelo adotado por Raimundo Darc, além de usar a cera de carnaúba na limpeza, ele ainda montou um sistema de reuso de água com o intuito de reduzir os impactos no meio ambiente. “Hoje incentivo empresários a abrirem negócios parecidos. Eu não quero nada só para mim, não foi eu que inventei, eu fiz algumas melhorias com o que eu estudei. A minha ideia é ter um futuro melhor para mim, para os outros, e para o meio ambiente”.

No entanto, a continuidade e o fortalecimento das duas atividades desempenhadas no Piauí – do artesanato com a palha e lavagem ecológica com a cera da carnaúba – dependem de es técnico e financeiro que garantam que os trabalhos se consolidem como alternativas econômicas viáveis e sustentáveis para sociedade.

Sabendo disto e das particularidades que o empreendedor de cada região tem, o Sebrae possui programas que visam impulsionar a economia e a inovação.

No caso da bioeconomia, a instituição tem apoiado pesquisas e empreendimentos com soluções para regiões específicas, como é o caso do programa Inova Cerrado. Aqui, a ideia é a aceleração de empresas criativas, startups, que incorporem novas tecnologias aos setores relacionados à bioeconomia na região do cerrado piauiense.

O Inova Cerrado é uma estratégia focada no fomento, apoio e desenvolvimento de pequenos negócios, startups, empreendimentos e ideias inovadoras - (Divulgação/AgênciaSebraePiauí) Divulgação/AgênciaSebraePiauí
O Inova Cerrado é uma estratégia focada no fomento, apoio e desenvolvimento de pequenos negócios, startups, empreendimentos e ideias inovadoras

O apoio técnico, e também financeiro, para o desenvolvimento e modernização de produtos e processos que tragam impactos positivos para o meio ambiente e para as comunidades locais também deve se estender, no segundo semestre deste ano, para a região de caantiga no Estado, com o Inova Caatinga.

Nesses programas, a capacitação fornecida pelo Sebrae vai desde a aprendizagem, com mentores especializados, com conteúdos próprios sobre desenvolvimentos de empresas voltadas para o segmento daquela bioeconomia, até informações sobre como aumentar a capacidade produtiva, se conectar com investidores, potenciais clientes, parceiros e indústrias.

“O Inova Bioma não é um programa de aceleração de startups normal, ele é especifico, para quem trabalha com a matéria-prima daquela região. Nosso intuito é valorizar e saber o que cada bioma tem de melhor. São desafios e conhecimentos que visam o retorno financeiro e o crescimento de uma empresa sustentável”, explica Andréia Cavalcante, analista do Sebrae e gestora do programa Inova Bioma.

O conhecimento sobre o mercado deve estar alinhado com os saberes tradicionais para impulsionar o empreendedorismo local - (Jailson Soares/ODIA) Jailson Soares/ODIA
O conhecimento sobre o mercado deve estar alinhado com os saberes tradicionais para impulsionar o empreendedorismo local

Segundo a analista, o Sebrae tem conseguido chegar a muitos empreendedores das diversas regiões do Piauí e, com isto, tem percebido uma redução na centralização de empresas atendidas na capital. “A forma que a gente tenta estimular para que startups de outros municípios participem é com a bonificação. Então, quem é do interior ganha uma bonificação para participar dos editais; É um incentivo extra que vem dando resultados”, afirma.

“Atualmente, no Piauí, temos 621 startups e algumas destas já trabalham com a bioeconomia, seja com relação ao agronegócio, alimentos ou no setor têxtil, por exemplo. Mas, das que se classificam como startups de impacto socioambiental temos 31, ou seja, são estas que se autodeclaram de forma específica”, completa a analista do Sebrae.

O Sebrae entende a importância da bioeconomia e foca em soluções que utilizam recursos naturais de forma sustentável - (Jailson Soares/ODIA) Jailson Soares/ODIA
O Sebrae entende a importância da bioeconomia e foca em soluções que utilizam recursos naturais de forma sustentável

Na outra ponta, só em 2024, o Banco do Nordeste realizou 15 operações no estado do Piauí que resultaram em R$ 550.296,12 liberados em financiamentos para investimentos em tecnologias ambientais e práticas conservacionistas por meio do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar, o Pronaf Bioeconomia, que é instituído dentro do Plano Safra.

Só nos primeiros quatro meses deste ano, o montante de crédito liberado pelo BNB já chega a mais de R$ 426 mil.

“Uma das grandes formas que a gente tem de incentivar a Bioeconomia através do crédito é reduzindo as taxas de juros, que hoje é de 3% ao ano. Temos a perspectiva de aplicar mais de R$ 1 bilhão na agricultura familiar no Piauí para, assim, conseguir alcançar mais empreendimentos sustentáveis. A cobrança por este tipo de atividade vem de todos os lados porque é um caminho sem volta. Não podemos mais pensar em oferecer crédito para algo que não esteja preocupado com o meio ambiente também”, ressalta Jaelson Torres, gerente do BNB no Piauí.

Toda essa discussão em volta da bioeconomia é indispensável quando se pensa em empreender nos dias de hoje. O tema ganha relevância diante dos desafios ambientais e sociais enfrentados globalmente. A economia verde, como também é chamada, é uma alternativa estratégica para enfrentar problemas como as mudanças climáticas, a escassez de recursos naturais e a desigualdade socioeconômica.

“Todos esses incentivos, as capacitações, palestras, ajuda de custos, financiamentos, consultorias, são como uma lupa de potencial, porque eles estão investindo tempo e dinheiro em algo que eles sabem que somos capazes de produzir mais e melhor. É isso que incentiva a gente”, destaca Fátima Santos, artesã piauiense.

Mais de 70% do trabalho feito pelas artesãs do interior do Piauí é vendido para São Paulo - (Jailson Soares/ODIA) Jailson Soares/ODIA
Mais de 70% do trabalho feito pelas artesãs do interior do Piauí é vendido para São Paulo

Com a força da terra e da tradição, o Piauí se apresenta à economia verde

Empreendimentos sustentáveis têm papel estratégico ao promoverem modelos produtivos com menor impacto ambiental, ao mesmo tempo em que valorizam saberes locais, fortalecem a economia de comunidades rurais e contribuem para a preservação da biodiversidade. Além disso, representam oportunidades para inovação, criação de empregos e atração de investimentos voltados a cadeias produtivas mais responsáveis.

Por isso, a discussão e a adoção de medidas bioeconômicas têm sido cada vez mais necessárias em todo país. Com um dos biomas mais importantes do mundo - a Amazônia, o Brasil vai ser palco do maior evento sobre ações que visam o combate do aquecimento global e das mudanças climáticas no mundo: a COP 30 (30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas).

O debate com líderes do mundo inteiro será uma das grandes chances de o Brasil impulsionar políticas de desenvolvimento sustentável e atrair investimentos verdes. E é nessa oportunidade que o Piauí pode chamar atenção para projetos e iniciativas locais, atraindo financiamentos, pesquisas e parcerias comerciais.

“A tendência é essa, ou nós vamos reduzir o consumo dos recursos como a água, por exemplo, e aderir a produtos sustentáveis, ou vai chegar uma hora que não vai ter mais de onde tirar, as matérias-primas vão acabar”, reforça o dono do posto de lavagem ecológica em Teresina, Raimundo Darc.

Com o sistema de lavagem ecológica, o posto de Raimundo Darc reduz em mais da metade o consumo de água comparado à lavagem tradicional - (Jailson Soares/ODIA) Jailson Soares/ODIA
Com o sistema de lavagem ecológica, o posto de Raimundo Darc reduz em mais da metade o consumo de água comparado à lavagem tradicional

No Piauí, a carnaúba, além de ser um símbolo que representa vidas de famílias inteiras, é ainda um elemento de esperança, que aguarda, resiliente, ser reconhecida pelas possibilidades de economia de baixo impacto ambiental que ela oferece.

“Eu sempre fui encantada com a carnaúba, acho uma palmeira lindíssima e sempre tive a curiosidade do artesanato. Já pensei em parar, mas eu lembro que existem pessoas impactadas com o meu trabalho. E isto cada vez mais me dar a certeza de que nosso trabalho não é algo ageiro”, disse Fátima Santos, artesã da AMACEP.

Mãe solo, Fátima Santos ver nos dois filhos pequenos, de 10 e 4 anos, o incentivo para continuar no artesanato - (Jailson Soares/ODIA) Jailson Soares/ODIA
Mãe solo, Fátima Santos ver nos dois filhos pequenos, de 10 e 4 anos, o incentivo para continuar no artesanato

Assim como a ave Curicaca – pássaro marcante nos campos abertos em busca de alimentos e oportunidades, e que deu inspiração para o nome da marca dos produtos artesanais feitos pelas mulheres da AMACEP –, as artesãs do interior do Piauí se movem em harmonia com a natureza, explorando as riquezas que ela oferece para criarem peças únicas e cheias de significado.

“Quando a gente se for, como muitos dos nossos pais e avós que trabalhavam com a carnaúba se foram, nós teremos os filhos e netos para continuar essa história e contar a nossa história. A história de como a carnaúba do interior do Piauí mudou nossas vidas”, finaliza Lourdes Carvalho, artesã piauiense.

A palha da carnaúba, para muitos piauienses, significa renda e preservação de saberes dos ancestrais - (Jailson Sares/ODIA) Jailson Sares/ODIA
A palha da carnaúba, para muitos piauienses, significa renda e preservação de saberes dos ancestrais